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Novas Estratégias para Reforçar a Segurança Energética


Sistemas de energia essenciais para apoiar as atividades quotidianas enfrentam ameaças crescentes de guerras, pandemias, alterações climáticas e outros eventos inesperados. Uma equipa internacional de investigadores, incluindo os membros do projecto Sus2Trans, Nuno Bento e Tiago Alves, descobriu que soluções orientadas para a procura têm um potencial significativamente maior para reduzir a nossa vulnerabilidade a crises energéticas em comparação com medidas do lado da oferta. Os resultados foram publicados na revista Science.



Os indicadores e índices utilizados para medir a segurança energética concentram-se predominantemente no lado da oferta de energia. Esta ótica alinha-se à visão da Agência Internacional de Energia, a qual circunscreve a segurança energética primordialmente à estabilidade no fornecimento de energia. No entanto, esta abordagem não capta integralmente a extensão da vulnerabilidade dos estados, empresas e pessoas a crises energéticas.

Portugal, com níveis de dependência energética do exterior acima dos 70% em 2022 - na realidade essa percentagem é maior, em torno dos 100%, já que as estatísticas oficiais da DGEG não contabilizam as importações que são depois reexportadas, mas de que necessitam os sectores exportadores – , e com cerca de 20% da população em pobreza energética segundo o Eurostat, está especialmente vulnerável a crises energéticas.

Para Nuno Bento, o primeiro autor do artigo, "É crucial que as avaliações de segurança energética reflitam não apenas o quão vulneráveis países, empresas e famílias estão face a eventuais crises energéticas, mas também os benefícios decorrentes da diminuição da procura de energia e do peso dos custos energéticos”. E prossegue explicando, “Dessa forma, desenvolvemos uma abordagem mais abrangente para avaliar os efeitos das políticas de segurança energética, considerando tanto o lado da oferta quanto da procura de energia. Isso levou-nos a comparar intervenções no abastecimento de energia em paralelo às estratégias voltadas para a redução da procura energética em setores chave, como edifícios, transporte e indústria".

A equipa internacional descobriu que as ações focadas na redução da procura seriam mais eficazes do que abordagens convencionais do lado da oferta em tornar os países menos suscetíveis a crises energéticas convergentes.

“A segurança energética é mais do que a segurança de fornecimento, pois há outros aspetos económicos, sociais e ambientais também relevantes. Esta abordagem beneficia de um fator de alavancagem, evitando perdas em cascata em sucessivas transformações energéticas,” explica a equipa, acrescentando que “o artigo destaca que as políticas do lado da procura oferecem claras vantagens para a melhoria da segurança energética em várias dimensões, incluindo continuidade, acessibilidade e sustentabilidade.”


Neste estudo, agora publicado na Science, os investigadores propõem que análises futuras devem comparar os benefícios de várias políticas de segurança energética, incorporando uma perspectiva do lado da procura. Em vez de dependerem de avaliações parciais e indicadores problemáticos como a dependência de importações, estudos futuros deveriam expandir o seu âmbito para incluir uma avaliação mais abrangente dos impactos sociais e ambientais.


Este estudo não só se alinha com a abordagem do projeto Sus2Trans à descarbonização sustentável, como também abre caminho para uma compreensão mais integrada da segurança energética. O artigo demonstra as vantagens de uma mudança para uma análise mais sistemática que amplia o foco tradicional do lado da oferta para abranger estratégias do lado da procura.



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